Há dias em que o teu trabalho parece muito simples: arranjas luz, montas o tripé, escolhes um biquíni da tua boutique, gravas 20 segundos, editas, publicas… e pronto. E depois há dias em que abres o telemóvel e te cai tudo em cima: um comentário venenoso, uma mensagem a pedir “prova” de não sei o quê, e aquela sensação de que o teu valor depende de métricas que mudam como o tempo em Lisboa.

Se estás em Portugal, a construir uma vida mais estável e a diversificar rendimentos (sem te esgotares emocionalmente), faz sentido perguntares: OnlyFans, o que é, afinal — e como é que as pessoas ganham dinheiro lá sem perderem a cabeça?

Sou o MaTitie, editor na Top10Fans. Vejo criadoras a crescerem muito depressa… e também vejo boas criadoras a desistirem por cansaço, confusão sobre o que vender, e falta de limites. Este guia é para te ajudar a decidir com calma, com estratégia e com respeito por ti.

OnlyFans: o que é (em linguagem de dia a dia)

Imagina uma montra com porta fechada. Do lado de fora, as pessoas vêem apenas uma “capa”: a tua página, a tua bio, talvez uma foto de perfil e algum conteúdo público (se tu quiseres). Para entrar, pagam uma subscrição mensal. A partir daí, passam a ver o que colocas “lá dentro”.

Isso é o núcleo do OnlyFans: um serviço de subscrição online onde criadoras publicam conteúdo que os fãs pagam para aceder. E há mais duas formas clássicas de monetização:

  • Gorjetas (tips): alguém quer apoiar, agradecer, ou chamar a tua atenção.
  • PPV (pay-per-view): conteúdo pago à parte, normalmente enviado por mensagem ou publicado como extra.

Há uma regra de base importante: só para maiores de 18 anos. E, apesar de a plataforma ser muito conhecida por conteúdo adulto, não é obrigatoriamente só isso: há fitness, música, bastidores, lifestyle, arte — mas a procura e a concorrência mudam muito consoante o nicho.

Agora, o “o que é” está explicado. O que normalmente te interessa a seguir é: “Ok, mas como é que isto se traduz em dinheiro real… e num plano de vida real?”

O dinheiro no OnlyFans: o que costuma mesmo acontecer (sem fantasia)

Vamos pôr-te numa cena realista.

É terça-feira. Já enviaste encomendas da boutique. Estás cansada, mas ainda tens aquela hora de luz boa no final da tarde. Podes:

  1. publicar um post para todos os subscritores,
  2. gravar algo curto para um PPV,
  3. responder a mensagens (que às vezes dão dinheiro, às vezes só sugam energia),
  4. ou… parar e recuperar.

O OnlyFans recompensa consistência, mas pune o “sempre disponível”. Quem cresce de forma sustentável aprende a separar:

  • conteúdo de feed (para a maioria)
  • conteúdo premium (para quem paga mais)
  • mensagens com limite (para não te consumirem)

E aqui entra uma verdade pouco romântica: muitas criadoras não “ganham” por serem bonitas; ganham por terem um sistema. Beleza ajuda, claro. Mas sistema paga contas.

Subscrição: a base (mas raramente é tudo)

A subscrição mensal dá-te previsibilidade — mas só se tiveres retenção. E retenção não é “postar mais”; é o fã sentir que recebe valor coerente com a promessa.

Exemplo prático (e muito comum): se a tua página promete “bastidores de modelo + rotina de boutique + shoots de swimwear”, e de repente viras para conteúdo que não tem nada a ver, parte do público sente-se enganada e cancela. Não é julgamento moral; é expectativa.

Uma abordagem saudável é pensares na tua página como uma série: cada semana tem um tom, um ritmo, um tema.

PPV e mensagens: onde muita gente dispara (e onde muita gente se queima)

PPV pode ser excelente porque tu escolhes quando e o que vendes. O risco é ficares presa ao ciclo:

“Se não mando PPV hoje, não ganho.”
“Se não respondo já, perco o fã.”
“Se não faço mais, não chego.”

E aí, a tua autoestima começa a depender do comportamento de desconhecidos — que é exactamente o contrário de reconstruir valor próprio.

Se tens medo de comentários negativos (o que é normal), o PPV e as mensagens precisam de fronteiras. Não para afastar fãs bons, mas para te proteger de dinâmicas que te drenam.

Uma fronteira simples e eficaz: “Respondo mensagens em duas janelas por dia, não o dia todo.” Outra: “Pedidos custom têm preço, prazo e regras claras.” Isso não te torna fria; torna-te profissional.

“É só conteúdo adulto?” — a pergunta que muda como tu te posicionas

A plataforma é famosa por pornografia, sim. E é importante dizer isto sem rodeios, porque influencia:

  • como as pessoas te descobrem,
  • o tipo de pedidos que recebes,
  • e os limites que vais precisar de estabelecer.

Ao mesmo tempo, há criadoras safe-for-work. Só que o caminho é diferente: precisas de diferenciação forte, imagem clara e, muitas vezes, tráfego vindo de fora (Instagram, X, Reddit, etc., conforme as regras de cada rede).

Se és modelo de swimwear e tens boutique, tens um ponto a teu favor: um universo visual coerente. A tua audiência pode querer estética, bastidores, styling, rotina de prova de peças, viagens, shoots, auto-confiança — e isso encaixa bem num conteúdo exclusivo sem teres de te obrigar a fazer algo que te deixe ansiosa ou arrependida.

A decisão não é “adulto ou não adulto”. A decisão é: qual é a promessa que tu consegues cumprir sem te perderes?

Um sinal dos tempos: quando o OnlyFans vira conversa “mainstream”

Nas notícias de 22 e 23 de Dezembro de 2025, voltámos a ver o OnlyFans a aparecer por motivos muito diferentes — e isso ajuda a perceber a amplitude (e as armadilhas) da plataforma.

  • Uma criadora, Camilla Araujo, anunciou que vai sair do OnlyFans depois de, segundo a notícia, ter ganho 20 milhões de dólares em cinco anos. O detalhe mais útil aqui não é o número; é a mensagem: há ciclos. Pessoas entram, constroem, e depois mudam. A plataforma pode ser uma fase, não uma prisão.
  • Cardi B voltou a gerar debate ao revelar ganhos elevados no OnlyFans, com foco em lifestyle e bastidores. Isto lembra-te que “exclusivo” nem sempre significa “explícito”; significa “mais próximo” e “não disponível noutro sítio”.
  • E a criadora Sophie Rain viralizou com uma foto de biquíni, mostrando como a estética e a confiança continuam a ser moeda forte — mas também como a atenção pode ser volátil: hoje é um pico, amanhã o algoritmo muda.

Se leres isto e sentires aquele aperto — “eu nunca vou chegar lá” — respira. O teu objectivo não tem de ser o top 0,1%. O teu objectivo pode ser: pagar contas, investir na tua marca, e manter estabilidade emocional.

O teu valor não é a tua taxa de conversão (mesmo quando parece)

Quero falar-te de um momento específico que vejo acontecer muitas vezes.

Estás prestes a publicar. Olhas para a pré-visualização do post. E, antes de carregares em “publicar”, vem um pensamento: “E se gozarem comigo?” Ou: “E se ninguém comprar?”

Quando cresceste a ter de provar valor (e quando passaste por mudanças grandes de país, língua, cultura, trabalho), é fácil o cérebro traduzir silêncio como rejeição. Mas no OnlyFans, o silêncio é muitas vezes só… rotina das pessoas.

Uma prática que ajuda: separa, na tua cabeça (e no teu planeamento), o acto criativo do acto comercial.

  • Acto criativo: “Hoje faço um set simples, bonito, coerente com a minha marca.”
  • Acto comercial: “Hoje envio uma mensagem a lembrar o PPV a quem já interagiu antes.”

Misturar os dois é receita para ansiedade: ficas a medir a tua beleza pela carteira do outro.

Como funciona o “relacionamento” com fãs sem te sentires presa

OnlyFans vende proximidade. Mas proximidade não é “ser terapeuta de desconhecidos” nem “estar sempre disponível”.

Pensa em três níveis, como se fosse uma loja:

  1. Montra (o que qualquer pessoa vê): imagem, tom, consistência.
  2. Loja (subscritores): conteúdo regular, relação leve, comunidade.
  3. Atendimento privado (DM + custom): aqui há energia, tempo e preço.

Se tu colocares tudo no nível 3, esgotas-te. Se colocares tudo no nível 1, não monetizas. O equilíbrio costuma ser: a maioria do valor no nível 2, e o nível 3 como extra bem pago e bem limitado.

E sim, há quem pague por mensagens directas. Mas mensagem paga não é “licença para te desrespeitarem”. Tu podes (e deves) definir regras: linguagem, pedidos, horários, e o que simplesmente não faz parte da tua página.

“Quanto devo cobrar?” — a pergunta que normalmente esconde outra

Quando uma criadora pergunta preços, muitas vezes está a perguntar, no fundo: “Será que eu valho isto?”

A forma mais saudável de responder é com matemática e com autocuidado, não com emoção.

  • Se cobras pouco, podes até vender mais… mas vais precisar de volume e vais trabalhar mais horas.
  • Se cobras mais, precisas de confiança na entrega e numa audiência mais qualificada.

O ponto de partida pode ser simples: escolhe um preço que te permita manter a promessa com qualidade durante 3 meses, sem te esgotares. Porque o preço “certo” não é o máximo; é o sustentável.

E lembra-te: no OnlyFans, o preço também filtra comportamento. Muitas criadoras notam que aumentar o preço (ou mover certos pedidos para PPV) reduz mensagens abusivas.

A tua vantagem escondida: marketing analytics aplicado ao teu dia

Tu tens uma coisa poderosa: cabeça analítica.

Em vez de te perderes em “o que está a dar hoje”, faz perguntas pequenas:

  • Que tipo de post me dá mais mensagens boas (não só likes)?
  • Que dias têm melhor retenção de subscritores?
  • Que tema faz com que as pessoas renovem?
  • Que formato me dá menos ansiedade e mais consistência?

Isto transforma o OnlyFans de “palco” em “negócio”. E um negócio não te define — serve-te.

Se quiseres um método simples: durante 30 dias, escolhe 3 “pilares” e não saias deles. Por exemplo:

  • Pilar A: bastidores de boutique (provas, tecidos, escolhas)
  • Pilar B: swimwear editorial (sets curtos, estéticos)
  • Pilar C: rotina de bem-estar (treino leve, alongamentos, mental reset)

No fim do mês, olhas para números e para a tua energia. O melhor pilar é o que dá retorno sem te partir por dentro.

O lado feio: comentários, comparação e a armadilha do “tens de aguentar”

Há uma frase tóxica que circula por aí: “Se estás na internet, tens de aguentar.”

Não. Tu tens de trabalhar. E trabalhar inclui proteger-te.

Uma estratégia emocional que funciona bem (e que não te infantiliza): cria um “filtro de leitura”.

  • Comentário útil (mesmo que duro): podes aprender algo.
  • Comentário neutro: ignoras.
  • Comentário cruel/sexualmente agressivo: bloqueias, reportas, não negocias.

A negociação é o que prende. Quando tentas convencer alguém a respeitar-te, já perdeste tempo e paz. O teu “não” é uma ferramenta de carreira.

E, por favor, não uses viralidade como termómetro de vida. Até nas notícias vês como a atenção salta de um tema para outro: hoje uma foto, amanhã uma polémica, depois uma revelação de ganhos. A tua estabilidade vem do teu sistema, não do barulho.

Um plano realista (para Portugal) sem prometer milagres

Se eu estivesse a orientar-te com calma, ao estilo “um café e um bloco de notas”, sugeria três decisões:

  1. Decisão de posicionamento: o que é que o teu OnlyFans é (e não é).
  2. Decisão de rotina: quantos dias por semana publicas, e quando descansas.
  3. Decisão de limites: que tipo de mensagens aceitas, prazos e preços para custom, e o que dá block imediato.

Repara que nenhuma é “faz mais”. São decisões de estrutura.

E se quiseres crescer fora de Portugal (algo muito comum e inteligente), faz sentido ter uma página optimizada para público global, com tradução e distribuição. É aqui que projectos como a Top10Fans ajudam algumas criadoras: página rápida, alcance internacional e exposição por país/idioma. Se te fizer sentido, podes conhecer e, com calma, decidir se queres “join the Top10Fans global marketing network” através de Top10Fans.

A pergunta final: OnlyFans é para ti?

Em vez de “é para mim?”, eu gosto mais desta pergunta:

“Eu consigo fazer isto durante 6 meses sem me abandonar?”

Se a resposta for “sim, com limites”, então tens um caminho. Se for “sim, mas com medo”, o caminho também existe — só precisa de suporte emocional e regras. Se for “não, isto vai destruir-me”, isso também é uma resposta válida e inteligente.

O OnlyFans é uma ferramenta. Não é um juiz. Não é uma medida do teu valor. E, sobretudo, não tem de mandar na tua paz.

Se quiseres, guarda esta ideia para o próximo dia mau: o teu trabalho é criar e gerir um negócio; a tua vida é maior do que o desempenho de um post.

📚 Leitura recomendada (para ires mais a fundo)

Se quiseres contexto do que está a acontecer à volta do OnlyFans (tendências, debates e histórias que mexem com a plataforma), aqui ficam três peças úteis para leres com olhar crítico.

🔸 Camilla Araujo vai sair do OnlyFans após ganhar 20M$
🗞️ Fonte: Mandatory – 📅 2025-12-23
🔗 Ler o artigo

🔸 Cardi B revela ganhos no OnlyFans e surpreende fãs
🗞️ Fonte: International Business Times – 📅 2025-12-22
🔗 Ler o artigo

🔸 Sophie Rain viraliza com foto de biquíni preto no OnlyFans
🗞️ Fonte: Mandatory – 📅 2025-12-23
🔗 Ler o artigo

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